quarta-feira, 29 de novembro de 2006

Screamers

Eu só escuto música gay, therefore, I'm a gay man

Não desgrudar do novo álbum de Scissor Sister e ficar escutando "I turn my camera on", de Spoon, são claros sinais que de eu sou um homem gay.

Tim Robbins




Vanessa Mael
Da Redação
Entrevista Tim Robbins


Em busca do perdão

“Catch a Fire”, o mais novo filme do diretor Philip Noyce (“The Quiet American”, “Rabbit Proof-Fence”), conta a história real de Patrick Chamuso, um cidadão comum tranformado em herói durante sua jornada pela liberdade, na África do Sul da década de 80.

Para interpretar o policial Nic Vos foi escalado o ator Tim Robbins, reconhecido internacionalmente por atuações em grandes filmes como “Um Sonho de Liberdade” (Shawshank Redemption), pelo qual ganhou o Oscar, e “Sobre Meninos e Lobos” (Mystic River).

Não é comum ver Tim Robbins interpretando vilões. Geralmente, o ator se envolve com trabalhos humanitários e é visto como bom moço. Patrick Chamuso, interpretado por Derek Luke, é injustamente acusado de terrorismo durante o regime do apartheid. As investigações são lideradas por Nic Vos, coronel do setor Police Security Branch, responsável por combater o terrorismo no país.

Vos apreende, interroga e utiliza diversas práticas de tortura contra o herói, por suspeitar de seu envolvimento com atentados contra a refinaria de óleo de Secunda, cidade onde trabalha. Após sua liberação, Chamuso decide lutar contra o injusto regime segregacionista, se afilia ao partido de resistência, o ANC, e se torna guerrilheiro lutando pela liberdade racial em seu país.

“Vos realmente acreditava no que estava fazendo e tentava cumprir sua tarefa, proteger seu país e sua família da melhor forma possível,” afirmou Robbins em entrevista ao Extra USA, durante a divulgação do filme.

Robbins conta como se preparou para interpretar um torturador que foi treinado para acreditar que manter o apartheid era sinônimo de manter a segurança local e teve como sua maior missão defender seu país de ataques terroristas e da influência comunista, a qualquer custo. Ele também comenta a importância política e social da divulgação da história real de Patrick Chamuso e da história da África do Sul que, segundo Robbins, é uma história de perdão.

Você já fez cerca de 60 filmes durante toda a sua carreira. Que lugar “Catch a Fire” ocupa na sua lista de preferências?

Eu acredito que esta é uma história muito importante. Eu amo filmes de ação, aventura ou suspense. Gosto de uma boa perseguição, como qualquer outra pessoa. Mas, sempre me senti frustrado com os finais destes filmes. A idéia de vingança é apenas entretenimento, no qual você chega à cena final com o policial matando o bandido, com alguma frase muito engraçada. As pessoas se divertem e aplaudem. Este é o padrão de um filme de ação. E eu acho que eu nunca ouvi ninguém se referir a estes finais como políticos, como aprovação de valores políticos ou sociais. E é o que eles são. Agregar a idéia de vingança é simplesmente ter um valor social ou político, devolver àquele que te machucou a mesma dor que ele te causou. O que nós estamos fazendo neste filme é a divulgação de idéias humanistas, ao contrário dos valores políticos. É passar adiante que perdoar é possível, perdoar está acima daquele instinto humano de vingança e ajuda a encontrar o caminho que leva ao profundo conhecimento espiritual. Esta afirmação é importante e deve ser divulgada. É por isso que me envolvi neste projeto.

Você acredita nestas idéias humanistas ou está apenas discutindo o conceito de valores sociais e humanistas?
Eu acredito. Eu espero alcançar isto algum dia.

Você já passou por alguma experiência na qual teve que exercer o perdão?

Eu pensei muito sobre isso quando estava dirigindo o filme “Dead Man Walking”, um momento no qual eu me perguntei constantemente, “o que eu faria se estivesse vivendo esta realidade?”. Eu realmente espero alcançar o poder do perdão.

Muitos dos trabalhos com os quais você se envolve discutem questões sociais, políticas, humanas. De onde você tira esta ânsia por discutir assuntos sérios?

Eu cresci no Greenwich Village, em New York, durante a década de 60. Meu pai era um cantor popular, ligado à música de raiz. Eu estava rodeado pelos maiores ícones criativos do país e do mundo, pessoas que pensam um milhão de anos à frente de suas gerações. Assim, eu fui exposto à pessoas jovens que acreditavam em um país diferente, em um paradigma diferente e isso tudo foi muito real para mim. É claro que, depois eu fui para a faculdade e a única coisa com a qual eu me preocupava era em beber e fazer sexo. (Risos). Até que [o Presidente Ronald] Reagan foi eleito e eu fui obrigado a voltar à luta.

O que te chamou atenção no personagem Nic Vos?

Na verdade, o que mais me chamou a atenção foi o projeto como um todo. Foi contar aquela história específica e a importância daquela história. A relevância do final do apartheid é gigantesca. Nos Estados Unidos de 2006, ela se torna maior ainda. Se você parar um jovem na rua e perguntar para ele qualquer coisa sobre a história da década de 80 da África do Sul ele não saberá responder. Eu garanto que ele não saberá te dizer. Então, nós temos que contar esta história. Além disso, você pode não saber absolutamente nada sobre apartheid ou sobre a África do Sul, que o roteiro se encarregará disso. Não é necessário ser um historiador, ou sequer saber qualquer coisa sobre o regime segregacionista para assistir a este filme. O filme é, essencialmente, a história da jornada de um homem ao inferno e seu retorno. No geral, ele te apresenta a natureza deste homem e dos líderes daquele movimento, além do contexto daquele político da época; a mistura destes componentes; e um novo paradigma. Em nenhum momento da história mundial já aconteceu algo parecido com o que aconteceu na África do Sul. Lá, o governo estabeleceu um regime de segregação racial, manteve prisioneiros políticos que passaram por todos os tipos de práticas de tortura até que a guerra chegou ao fim, o governo perdôou a todos e ofereceu anistia política. Nelson Mandela foi libertado e eleito presidente. É uma história de perdão. Isso simplesmente não acontece todos os dias, temos que relembrar o mundo deste episódio.

Você declarou recentemente que tinha preconceitos em relação à história da África do Sul. Qual era seu conhecimento sobre o apartheid antes de se envolver com este projeto e como você enxerga a questão social do país hoje?

Durante os anos 80, nos Estados Unidos, muitos de nós viemos a tomar conhecimento do apartheid através da música. Existe uma música da banda The Specials, chamada “Free Nelson Mandela”, que fez muito sucesso aqui. Este é um dos maiores poderes da música, através de um refrão pegajoso, você é capaz de introduzir um conceito e as pessoas podem investigar aquela idéia mais tarde. Não conseguimos contar tudo em uma música de três minutos mas é possível fazer a população pensar sobre questões levantadas. Eu era contra o apartheid, procurei entender o que significava, boicotei empresas que fabricavam certos produtos e patrocinavam o regime segregacionista da África do Sul. Eu participei de manifestações populares que pediam a libertação de Nelson Mandela. Mas não tinha nenhuma idéia sobre a complexidade da situação, do grau de opressão da população negra por parte do governo até visitar o país e estudar profundamente o que aconteceu por lá. Só assim eu pude entender a quantidade de leis que foram criadas contra a existência física destas pessoas, como eles foram humilhadas e oprimidas no decorrer dos anos...

Como foi ter que interpretar um Afrikaner, oficial branco do governo sul-africano, geralmente de descendência européia e que lutava para manter o regime de apartheid?

Por causa do meu trabalho, tive que manter minha mente aberta para entender a história dos Afrikaners. Eu não tinha nenhum conhecimento sobre o contexto que estas pessoas estavam imersas. Os Afrikaners eram pessoas que haviam fugido de perseguições religiosas em países da Europa e se mudaram para Cidade do Cabo. Lá, foram expulsos mais uma vez pelos britânicos, sobreviveram ao seu próprio êxodo em massa, fugindo em grandes caminhões para o centro da África do Sul, fundando a cidade de Joanesburgo. Eu fui obrigado a entender quais foram as dificuldades que eles passaram, como lutaram contra o partido African National Congresse (ANC). Os Afrikaners sofriam a pressão de ataques vindos pelo norte, havia o medo da aliança comunista, implícito na simpatia do Partido Comunista russo pelo ANC. Estes oficiais do governo tinham um trabalho a desempenhar, deveriam proteger suas famílias e o país. Não justifica o que eles fizeram mas, tive que entender a história de vida deles para assimilar como era possível que estas pessoas se comprometessem moralmentem, ao ponto de praticar atos de tortura e opressão em relação aos suspeitos de terrorismo na África do Sul.

Você passou um tempo trabalhando com Arno Carstens, um grande cantor Afrikaner. Como ele te ajudou a entender o que significa ser um homem Afrikaner na África do Sul?

Eu passei muito tempo com Arno, mas minha relação com ele está estritamente ligada à música. Minha relação com os oficiais reais do Special Branch da África do Sul foram as que mais me inspiraram para compor o personagem. Em uma das noites que eu passei com Arno, subi no palco de um clube de Joanesburgo e nós cantamos juntos, tocamos guitarra. Ele me ajudou bastante com as músicas do filme, a entender as músicas da revolução. Ele me ensinou “Paradise Road”, que é uma das músicas de liberdade, da década de 70, do grupo Joy.

Qual o papel da música no filme?

As músicas do ANC, as músicas de liberdade são uma forma de união e quando música consegue executar esta função, é uma maravilha. Nós trabalhamos muito com o músico David Mbatha no desenvolvimento da trilha do filme. Passamos algum tempo juntos, tocando violão. Eu tentei acompanhá-lo enquanto ele cantava algumas das canções do ANC. Nós trocávamos informação. Foi uma noite muito agradável. Você pode conversar com uma pessoa o quanto for mas se você tem a oportunidade de sentar e tocar músicas com esta pessoa, você estabelece uma ligação muito mais profunda. É uma comunicação baseada na ligação das almas, é espiritual. Eu me senti muito privilegiado nestes momentos.

Você citou o poder da música. Mas, você acredita no poder dos filmes? Como isso influencia sua decisão na escolha dos filmes que você faz?

Sim. Eu acredito que os filmes podem fazer deste mundo um lugar melhor ou pior, dependendo do seu ponto de vista. Depende do tipo de filme que está sendo criado, os filmes de ação advogam apenas a violência e são a maioria. Diferentes tipos de filmes podem provocar diferentes reações nas pessoas. Trabalhos como “Catch a Fire” oferecem um caminho diferente. As comédias te oferecem duas horas de entretenimento e uma oportunidade de fuga do mundo real, enquanto um romance pode reacender a paixão em seu coração. Cada gênero mantém sua legitimidade.

Você criou uma lista de tipos de filmes que você quer fazer ou gosta de fazer?

Na verdade não existe isto, eu só estabeleço aquele tipo de filme que eu não faria. Eu não faria nada violento com a finalidade de entreter. Eu nunca farei um filme que inclua piadas contra as pessoas, contra determinadas raças ou religiões.

Em julho, você participou de um evento de caridade no teatro Radio City Music Hall, em New York, durante a apresentação de uma leitura do escritor Stephen King. Você, que foi marcado pela participação no filme Shawshank Redemption, de autoria de King, fez diversas piadas e trocadilhos com o nome da obra. Conversando com Derek Luke e Bonnie Henna, ambos repetiram a mesma coisa, “Trabalhar com Tim Robbins foi extremamente divertido.” Conte-nos um pouco mais sobre este seu lado comediante, que vemos tão pouco...

Bom, mas isso é porque quando eu sento aqui, tudo o que você faz é me perguntar sobre política! (Risos!) Se divertir, dar risada e brincar é muito importante. É importante também desvincular a associação de comédia e falta de inteligência. As pessoas mais interessantes, inteligentes e engajadas que eu conheço são comediantes. A vida é muito curta para ser vivida em um estado de ansiedade e miséria. Tem muita coisa errada no mundo, mas tem muita coisa correta também. Temos muito que celebrar. No caso do filme, quando estamos lidando com temas pesados, quando tenho que interpretar um personagen que é extremamente cruel, os momentos de humor e descontração são muito importantes.

Você acredita que o filme tem ligações com a atual situação política mundial?

Não. Os atos terroristas que acontecem no filme não têm nenhuma ligação com os atos terroristas que acontecem no mundo de hoje. Os personagens de “Catch a Fire” estão se rebelando contra um governo que os exclui, estão lutando pelo direito de estudar, de ter um trabalho, de participar socialmente.

Suas ações de ativismo político despertam a atenção constante da mídia. Você considera estes atos como uma demonstração de coragem?

Quando você se depara com um regime que prega a guerra e a exploração de outra cultura com a desculpa da construção de um mundo livre, você tem que fazer alguma coisa. É claro que você acaba escutando muita coisa, que é traidor, seguidor de Saddam Hussein... Mas, você sabe a verdade e ao andar pelas ruas da cidade de New York e as pessoas vão ao seu encontro para te parabenizar pelo trabalho de conscientização que você está fazendo e pedir para que você não deixe a mídia te intimidar. Isso é muito positivo e você acumula forças para seguir seu caminho. Isso é o que te liberta. O que vai te escravizar é quando você mente para você mesmo, quando se priva da verdade, ou permite que a mentira ou o mentiroso pregue o que não é real, sem debater, sem argumentar, expressar o que pensa a respeito do assunto. Quando você não fala verdade para quem está no poder, será escravizado por quem está no poder. Não sei se isso é coragem ou meu direito de livre expressão garantido neste país, ninguém pode me tirar isto.

Quando você dirigiu a peça “Embedded”, de crítica à cobertura da mídia norte-americana na guerra do Iraque, a reação recebida por parte do público era esperada?

Tudo o que aconteceu em 2003, como resposta à peça “Embedded”, foi completamente esperado. Quando nós fizemos a primeira apresentação em Los Angeles, já era julho, um momento crítico, foi a um mês e meio após Bush aterrissar no porta-aviões e declarar “missão cumprida” à mídia. Não sabíamos qual seria a reação do público, estávamos um pouco assustados. O assunto era muito fresco e no fim da primeira performance, havia uma pessoa chorando na audiência, era uma mulher. Por alguma razão, esta mulher, uma veterana de guerra, conseguiu entrar no teatro nesta noite específca, quando o show era apenas para convidados especiais. Ela tinha acabado de se aposentar e antes disso tinha treinado centenas de jovens que seriam enviados ao Iraque. Ela estava chorando, emocionada, foi um momento legítimo de vitória. Tínhamos um soldado na audiência pedindo para continuarmos lutando. Aquele momento significou mais do que qualquer outra coisa. Foi a primeira apresentação, aquela mulher nos encheu de força para continuar com o projeto.

Qual foi a reação da mídia, já que a peça critica fervorosamente a cobertura da guerra do Iraque?

Em Los Angeles nós recebemos apenas uma crítica positiva. Todos os outros jornais destruíram a peça. O resultado? O show de quatro meses com os tickets esgotados em apenas três dias, baseado apenas no boca-a-boca. Em New York, tivemos a notícia boa e a ruim. A boa notícia é: fomos convidados pelo Public Theater para nos apresentar na cidade. A notícia ruim é: não receberíamos nenhuma crítica positiva dos jornais locais por três motivos. Em primeiro lugar, a elite da informação de New York irá destruir a peça, você não pode ir ao quintal da mídia e dizer, “Vocês são cheios de merda”, e esperar que a mídia te abrace em retorno. Simplesmente não vai acontecer. Número dois, um grupo de teatro de Los Angeles não deve esperar uma recepção calorosa da comunidade teatral ou artística de nova-iorquina. Número três, nós estamos fazendo teatro punk-rock, estamos tocando System of a Down, The Clash, Boy Sets Fire, alto, no último volume. Isto simplesmente não é o material com o qual os críticos de teatro simpatizam. Assim, em três strikes, estamos fora.

A melhor parte é que tudo deu certo, como já havíamos experimentado, a divulgação boca-a-boca nos ajudou. Nós também esgotamos o show por quatro meses. O que nos fez feliz foi a necessidade do público de assistir àquela peça, as discussões que aconteciam após as apresentações, os veteranos que estavam assistindo ao show, as famílias, os trabalhadores de guerra... E é por isso que eu filmei esta peça, que está disponível em DVD mas, ninguém toca este DVD para distribuição e você só pode adquirí-lo através da internet. Eu paguei um preço para disponibilizar este material, nem que fosse apenas na internet porque o público precisa ter a opção de receber informação. Eu tirei um tempo para documentar aquele momento, caso contrário a história seria outra, seria contada sob o ponto de vista da mídia. Eu tenho registrado a reação da audiência à peça, o público estava vivendo aquela experiência conosco. Não podemos deixar o governo ou a mídia determinar a nossa história. Eventualmente, as pessoas podem assistir ao vídeo ou não. O importante é que ele está lá e é um registro do que aconteceu.

Você está trabalhando em alguma peça de teatro agora?

Eu dirigi meu grupo de teatro, The Actor’s Gang, em uma adaptação do livro de George Orwell, “1984”. A peça já passou por Los Angeles, está em turnê mundial no momento. Até o final do ano, voltamos para os EUA para uma rodada de 12 estados e depois retornamos com a turnê mundial, passando por Melbourne, na Austrália, Honk Kong e possivelmente Europa. Tem sido muito emocionante.

Qual é a diferença principal entre o atuar e dirigir? Qual a sua preferência?

Após ter dirigido “The Craddle Will Rock”, meu filho conversou comigo e disse, “Pai, eu prefiro quando você está atuando”. Quando eu dirijo, eu desapareço. Como diretor, me torno obssessivo com o trabalho, me tranco em meu escritório buscando a perfeição, editando até meia-noite, mesmo quando não tenho deadline. Por causa desta conversa com meu filho, decidi continuar apenas atuando. Eu sinto falta de dirigir cinema mas escolhi dirigir apenas no teatro. Já dirigi outras três peças desde esta conversa, foram experiências nas quais eu aprendi muito. São momentos em que me sinto como se estivesse em um laboratório. Alguns dos atores que trabalham comigo no The Actor’s Gang eu conheço há mais de 25 anos. No teatro, tenho a oportunidade de fazer qualquer material que quiser e não preciso conseguir investimento de milhões de dólares para desenvolver cada trabalho. Então, eu tenho uma liberdade artística com a qual eu posso trabalhar que é muito importante. Eu não tenho intenção de dirigir cinema tão cedo.

terça-feira, 28 de novembro de 2006

A Física explica...

Eu meço 5'4" e ele é exatamente um pé maior que eu, mesmo sendo quatro anos mais novo. Ele faz pesquisa em Física e Matemática e quando eu fui fazer a inscrição no vestibular para Jornalismo, procurei me certificar que estas duas matérias NÃO estariam na grade do curso.

Pela primeira vez na vida, eu sou incapaz de perguntar pro meu namorado "Como foi seu dia?" e discutir com ele os acontecimentos. Simplesmente porque eu não tenho nenhuma idéia do que é um elétron, átomo ou, sequer me lembro das três (ou quatro?) Leis de Newton e, por isso, não tenho nenhuma opinião sobre absolutamente nada do que ele faz.

Quando ele me conta que está estudando Probabilidade, a única coisa que eu consigo imaginar : qual é a probabilidade de, em um mundo com 6 bilhões de pessoas, eu sair para comemorar o aniversário da minha amiga e encontrar o homem mais doce do universo e me apaixonar?

Ele me encontrou bêbada sentada em uma calçada de um club, descabelada e fumando. Começamos a conversar e, em algum ponto, descubro que trabalhamos um do lado do outro e digo para ele passar no jornal qualquer hora para almoçarmos juntos.

Na manhã seguinte, ele entra, lindo, pela porta do trabalho e eu, totalmente sem-graça, invento uma história qualquer e levo ele no pior fast-food que há. A conversa rola solta, não tenho que me explicar. Fazemos parte do mesmo mundo, escutamos e assistimos as mesmas coisas, é uma discussão interminável.

Eu morei boa parte da vida em Campinas, ele também. Eu posso dizer que fui na Pachá, estudei no Liceu, brinquei no Taquaral e comia no Lanchão que ele Eu cheguei aqui há cinco anos, ele veio dois meses na minha frente. Nós sempre moramos no mesmo condado, quase vizinhos.

Qual é a probabilidade, daquele cara que eu conheci na calçada, estar escovando os dentes com minha escova e tirando sarro de mim porque tem um Spiderman se pendurando nela?

Quais são as chances de, um dia antes de conhecê-lo, eu declarar que amor, almas-gêmeas e afins não existem? E hoje, estar com alguém que me pára todas as vezes que encontra uma escada, me fazendo subir um degrau, para eu ficar na altura ideal para me beijar?



Enfim, explicado porque eu não posto com a mesma frequência de antes...

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Soundtrack for the broken heart

The other day I spent hours listening to music, trying to find something nice to send to Ro (I try to send him songs that are important to me as often as possible). Suddenly, I realized how difficult it is to find an inspiring song. It's much easier to know which one will be the break up song.

So I woke Lily up to discuss Damien Rice's new album and how I like to think that he, personally, writes an album as soon as he finds out someone will break my heart. Last year, when I lived one of the most surreal romances ever, he wrote me "O" [the letter]. This year, he has just released "9" [the number].

He came to New York last week for a performance at the Hiro Ballroom and is coming back next month to the Beacon Theater. It's Ro's birthday, so I'm trying to find the impossible tickets. Although I've never seen him live, 'cause I now I really can take it I'll try this time.







Dói, dói muito

terça-feira, 14 de novembro de 2006

Mood

Perfect song (and album) for one of those days when you just want to hang yourself.

"It's just another day, nothing in my way
I don't wanna go, I don't wanna stay
So there is nothing left to say
So, why did you lie?
When you wanna die, When you hurt inside
Don't know why did you lie for, anyway
Now there is nothing left to say"



sábado, 11 de novembro de 2006

Viajar é passar por uma série de inconvenientes

Se viajar neste país já era uma coisa de louco, após o susto de Londres, o tal "esquema terrorista" que foi descoberto e que mudou todas as leis de aviação dos EUA, hoje tudo é muito pior.

Eu tenho uma viagem marcada nesta semana e, graças, é a última do ano. [Quem diria que um dia eu falaria isso?] Minha preocupação nem é tanto com esta, mas sim com as três que eu já tenho marcadas para o ano que vem.

Em primeiro lugar, eu odeio vôos longos. Sempre pensei, "Minha mãe deve me amar muito para vir me visitar duas vezes ao ano." Isso porque eu simplesmente NUNCA passaria dez horas dentro de um avião para ver absolutamente nenhum outro ser-humano deste planeta. É muito tempo para se passar sentado, em uma paltrona apertada, dentro de uma máquina que balança, lotada de pessoas.

E como as pessoas são inconvenientes.

Pessoas falam, nos mais diversos e insuportáveis idiomas. Pessoas comem e fazem barulho quando mastigam. Pessoas tossem. Pessoas batem palmas. Pessoas gritam, choram, cantam, resmungam. Isso, sem contar nas infelizes vezes que existem CRIANÇAS no avião.

O.M.G.

Prefiro nem pensar nas pequenas pestes.

E o problema só aumenta. As pessoas roubam o seu i-Pod nos aviões.

Desde que isso aconteceu, eu jurei que não voava mais. Claro, meses se passaram, eu comprei meu Doll e já esqueci do fato. [Mentira, esqueci nada, ainda mato o filho da puta...]

Bom, se isso tudo acontece enquanto estamos dentro do avião, chegar até ele é uma luta muito maior.

Não se pode mais usar jóias, cintos, jacketas, sapatos. Nunca, em hipótese alguma, vá viajar de bota. Você atrapalha a fila inteira, são 200 anos para tirar do pé. Ficamos todos em fila, descalços e praticamentes despidos, esperando nossa vez de sermos molestados.

Somos obrigados a retirar qualquer coisa do bolso. Deixar as moedas, os documentos e o celular na cestinha. Abrir o laptop.

ISQUEIROS VÃO PARA O LIXO!

Como assim, cara? Ok. Eu uso isqueiro de $1, mas se eu tivesse um isqueiro caro, cool, ou com algum valor para mim? Eu não jogo fora. Não mesmo. Isso já me rendeu problemas, claro.

A última vez que eu fui para Los Angeles eu levei meu isqueiro. Ninguém reclamou. Na volta, me fizeram jogar no lixo. É lógico que eu briguei. I'm a fucking smoker. I need my lighter. Eles pegaram a bolsa inteira, com raiva dos meus argumentos, e me levaram para uma salinha. Tiraram absolutamente tudo que eu tenho de dentro, fuçaram em tudo, me perguntaram mil coisas e, no fim me deixaram ir. Qual o ponto? Eu lá tenho cara de terrorista?

O que fazer? Levar fósforos? Se eu quiser colocar fogo, eu vou colocar. Ser obrigado a viajar sem isqueiro é o fim do mundo. Aí você chega no lugar e é obrigada a comprar um isqueiro novo. Uma semana depois é obrigado a jogar isqueiro no lixo. Qual é o ponto?

O mundo acabou de vez quando inventaram que não se pode levar nada líquido, pastoso, em pó ou gel na mala de mão. Que tipo de pessoa que leva mala grande, passa por fila de check in, para um vôo doméstico?

Algum moron, no mínimo.

Eu faço meu check in online, levo só mala de mão, acabou. Eu não preciso chegar antes no aeroporto, passar por fila de check in, depois sair do avião, esperar descarregarem as malas e advinhar qual é a minha (depois de oito horas de viagem eu já esqueci que mala eu tenho, claro.). É ridículo.

E se eu sentir sede? Eu sou obrigada a ficar com a boca seca?

Levar remédios, então... Proibidíssimo. Só com receita médica. Jura por Deus que eu tenho receita de algum dos dez vidros de remédios que andam na minha bolsa. E agora, eu faço o quê?

O pior de tudo isso: não poder carregar maquiagem. É, eu pretendo matar alguém com meu batom, espetar as pessoas com meu rímel, engasgar alguem com meu blush. Jura? Como você viaja sem desodorante, pasta de dente, lápis de olho?

Minha bolsa de maquiagem vale, no mínimo, $300, eu não tô jogando nada em lixo alguém, believe me. Eu fico, vou presa, mas minha bolsa de maquiagem vai comigo para onde eu for. [Entendeu porque ele blog é chamado Batom?]

Não é como se eu estivesse indo passear. Eu vou apenas porque sou obrigada. Isso se chama trabalho. Eu não vou ficar andando pela cidade, caçando uma farmácia, para poder comprar pasta de dente, desodorante e batom. Eu estarei trancada, na frente de um computador, trampando. Aparentemente, você pode adicionar aí, sem desodorante e sem escovar os dentes.

As viagens do ano que vem me preocupam mais porque esta, pelo menos, eu não estou pagando para ser molestada. Estão me pagando para passar por isso. No ano que vem, as viagens que eu tenho marcadas são as minhas férias [longa história, eu dividi minhas férias em várias]. Isso significa que eu estarei pagando muito dinheiro para as companhias aéreas para passar por tudo isso.

Essa política do medo é tão boba, tão babaca, que perdeu o sentido há muito tempo. Não existem padrões, todos nós somos tratados como potenciais terroristas. Perdemos nossos direitos. Se as eleições de meio-termo não tivessem este resultado, eu estaria com mais ódio ainda.

Tem muita coisa séria que poderia ser feita na tal "luta contra o terrorismo" e não é. Em uma série de documentários da CBS, eles mandaram diversas embalagens da Europa para os EUA, com artigos extremamente estranhos e declararam cada um deles. Teve uma embalagem enviada pela FedEx na qual foi declarado Plutônio e passou pela alfândega sem nenhum problema.

Os túneis que ligam NJ e NY não são supervisionados. Não existe policiais nas estações de trem. Não existe detector de metal em lugar nenhum. Ainda assim, a minha maquiagem não pode entrar no avião na minha bagagem de mão.

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

Oh My God

Don't get me wrong, I can't vote. But that doesn't mean shit. I don't vote now, but I will. That doesn't mean that the mid-term elections were any less emotional to me than it was for the rest of the country. The world, even.

On Tuesday, I went to the city to shoot a few people voting. Although I only know where the local politicians vote (Giuliane doe's it at the Hunter College), I got a few nice pics back.

That night I went to bed very upset with the Senate results. It's just amazing how stupid people can be. The Democrats had to win three more central states to win the Senate. Central States. You know what that means?

I was extremely nervous and slept the the CNN on, so I could take a pick at the results from time to time. When I woke up on Wednesday, things looked a little better. The Democrat Party won one more state. It was 49 X 49.

I went to work hoping Montana and Virginia would end up BLUE. I even painted my nails with a M, for Montana, so cheesy. Late that afternoon, they finished the counts and Montana was finally Democrat. 49 X 50. Now, we would be at least as represented as the evil party.

The President (or The Emperor, as Maher said), was on TV to say that Rumsfeld was replaced by an ex-CIA Chief. That was the third time the man tried to give up his position as Secretary of Defense.

Today the good news came, Virginia, by less than 2000 votes, is also Democrat. So, they have the total marjority of the Congress. Both branches, Senate and House belong to the Democrat Party now. It's going to be a fine two year period for Mr. Bush. I can't wait to watch it, and am already preparing letters to Mr. Menendez.



Concession in Virginia Race Tips Balance
Senator George Allen of Virginia conceded today that he lost to the Democratic challenger, Jim Webb, ending the last undecided Senate contest and giving Democrats control of the full Congress for the first time in a dozen years.

“In this season the people of Virginia, who I always call the owners of the government, they have spoken,” Mr. Allen said. “And I respect their decision.” He said he had called to congratulate Mr. Webb, who had already claimed victory in the race after Tuesday’s voting.

Shortly afterward, Mr. Webb told his supporters that he and Mr. Allen had had “a good discussion,” and that the defeated senator’s private concession remarks had been “very gracious.” The two will confer over lunch next week, Mr. Webb said.

The triumph in Virginia effectively gives Democrats 51 seats in the Senate. (Representative Bernard Sanders, the senator-elect from Vermont, is an independent who caucuses with the Democrats, and Senator Joseph I. Lieberman of Connecticut is a Democrat, although he ran for re-election as an independent after losing in the primary.)

Mr. Allen opened his concession speech, which he delivered from an outdoor podium in Alexandria in front of cheering supporters, by tossing a football and thanking his family.

The announcement had been widely expected after analysts said Mr. Allen was unlikely to close the margin separating him from Mr. Webb, who was leading by about 8,700 votes.

Virginia officials said today that they were continuing to canvass in several districts as part of the formal certification process in the closely watched contest. They also started to count provisional ballots cast by voters whose eligibility to vote could not be confirmed at the polling places.

Mr. Allen noted that the race was close but said he would not exercise the legal right to ask for a recount.

“It is with deep respect for the people of Virginia,” he said, “that I do not wish to cause more rancor by protracted litigation which would in my judgment not alter the results.”

Mr. Webb told his supporters in Arlington that he would represent “those who have no voice in the corridors of power.”

Mr. Webb, a decorated veteran of the Vietnam War, said that America’s fighting men and women are “in our hearts and in our prayers” as Veterans Day approaches, but that it is simply wrong to describe him as a candidate who ran on an anti-war platform.

“Nothing could be further from the truth,” he said, describing “economic issues and social justice” as the themes that drew him to the Democratic Party.

In the other Senate race that was left undecided many hours after polls closed, Jon Tester, the Democratic challenger, won in Montana. The Republican incumbent, Senator Conrad Burns, conceded today.

“I stand ready to help as Montana transitions to a new United States Senator,” Mr. Burns said in a statement. “We fought the good fight and we came up just a bit short.”

Democrats, ecstatic at the prospect that they might have swept both houses of Congress, did not wait on Wednesday for final word from Virginia.

Mr. Webb began planning his transition on Wednesday. Taking a page from the Republican playbook in the contested presidential vote count in Florida in 2000, he tried to cast his victory as inevitable. But Mr. Allen’s advisers held out the possibility of a recount.

Aides to Mr. Webb began referring to him as Virginia’s senator-elect, and this afternoon he issued a news release naming three members of his transition team.

Democratic Party officials and some news organizations, including MSNBC and The Associated Press, declared Mr. Webb the winner of the election Wednesday.

The concession by Mr. Allen ended a rough campaign marked by accusations of racism against him and sexism against Mr. Webb. The contest alienated many voters, particularly women, and has apparently left Mr. Allen’s once-promising political career in tatters.

Mr. Allen had been expected to win a second term easily, but campaign blunders, including calling a Webb supporter of Indian descent “macaca” at a campaign rally in August, started a steady slide for Mr. Allen and opened the door for the Democrats.

Piada da semana

Ela:
"Vanessa, vou te dar um Smiley para ver se você pára de falar em matar, dar sheipadas nas cabeças alheias, esfaquear as pessoas e se torna um ser mais feliz, credo..."

Eu:
"Nossa, man, eu odeio perfume de um tanto, se você imaginasse... Odeio pessoas perfumadas, que sentam ao meu lado com aquele cheiro fabricado horroroso. As pessoas não têm bom-senso, perfumes deveriam ser proibidos. Puta falta de respeito do inferno me fazer sentir o cheiro que você, uma pessoa sem padrões, gosta. Horror. Total."



hahahahahahahah
Jura!

Um novo perfume está fazendo sucesso pelo mundo inteiro e já é conhecido como “fragrância Prozac”. A novidade chama-se Smiley, perfume que promete trazer uma sensação de bem-estar e levantar o ânimo atém mesmo do ser mais depressivo. O segredo estaria na fórmula, que contém elementos que bloqueiam quimicamente o stress no cérebro: notas de musk, laranja e aroma de cacau, duas moléculas olfatórias que estimulam a felicidade, a teobromina e a feniletilamina.

A loja de departamentos Henry Bendel, em Nova York, está vendendo a “fragrância Prozac” por U$ 45; e a Colette, em Paris está oferecendo o perfume por 29 euros. Smiley também está a venda na Selfridges, de Londres e nas lojas Sephora. No Brasil a entrega poderá ser feita, através de compra via Internet. Vai tentar?

Death Cab For Cutie no MSG

É a primeira vez que a banda fecha o Madison Square Garden, com dois shows consecutivos sold out. As arquibancadas não serão usadas, os convites vendidos são apenas para a pista, porque todo mundo merece ficar perto do palco e dançando. Amo, amo demais \O/.

Estes vídeos são do show que eu vi no início do ano, no Hammerstein Ballroom. É necessário ignorar todos os meus gritos e o sing along.



segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Eleições de 7 de novembro

Eu simplesmente não tenho tempo para fazer á devida análise sobre a importância das eleições de amanhã. Assim, na sexta passada, o Bill Maher fez por mim. (O que é este meu amor insano por comediantes politicamente engajados?)

Enfim, o Maher é perfeito em todos os sentidos, o cara é destes que sabe do que está falando e não tenta enfeitar as palavras ou parecer extremente clever com piadas que só ele entende. Ele simplesmente fala, "Pau no cú".

Este seguimento do problema especial antes das eleições foi fantástico. Ai, ai, estes homens que não me deixam dormir na hora certa...



sexta-feira, 3 de novembro de 2006

Together



You and me forever
We belong together
And we'll always endeavor
Through any type of weather

You want everything to be just like
The stories that you read, but never write
You've gotta learn to live and live and learn
You've gotta learn to give and wait your turn
Or you'll get burned

We wrote our names down on the sidewalk
But the rain came and washed them off
So we should write them again on wet cement
So people a long time from now will know what we meant

You want every morning to be just like
The stories that you read, but never write
You've gotta learn to live and live and learn
You've gotta learn to give and wait your turn
I'm only concerned

I'm adding something new to the mixture
So there's a different hue to your picture
A different ending to this fairytale
And no sunset into which we sail

You want everything to be just like
The stories that you read, but you can't write
You've gotta learn to live and live and learn
You've gotta learn to give and wait your turn
Or you'll get burned