O jornal para o qual eu estou trabalhando atualmente, tem um acordo com a agência de notícias brasileira BR Press, que publicou, esta semana, uma matéria sóbre uma peça que está rolando aqui em NY. Claro, vocês devem perdoar meu português de quem vive no exterior há quase cinco anos...
Elizabeth Bishop em inglês para NY
Vanessa Mael, do Extra*/Especial para BR Press
(Nova York, BR Press*) - Está em cartaz no moderno teatro 59E59, em Manhattan, a peça A Safe Harbor for Elizabeth Bishop (Um Porto Seguro para Elizabeth Bishop), escrita pela jornalista Marta Góes e que já fez temporada no Rio e São Paulo. O monólogo retrata os quinze anos em que uma das maiores poetisas americanas viveu no Brasil.
Góes nasceu nos Estados Unidos, porém cresceu no Brasil, em Petrópolis, onde era vizinha de Bishop. A poetisa Elizabeth Bishop, que ganhou um Pulitzer em 1956, se mudou ao Brasil para viver uma história de amor com a arquiteta brasileira Lota de Macedo Soares. Em 1951, Bishop conheceu e se apaixonou pela rica natureza e pelos traços culturais brasileiros, e acabou dedicando ao país boa parte de sua obra.
Sua história com o Brasil é ambígua – amava e odiava o país. Tinha declarado amor pela música brasileira, pelo carnaval, pela natureza e hospitalidade que encontrou. E ódio pela desorganização, pela cultura do ócio que a circundava e pela língua portuguesa, que nunca aprendeu a falar com fluência – apesar de ter ficado conhecida no EUA como uma grande tradutora de poemas de autores brasileiros.
Com a montagem da peça em NY, as ligações com o Brasil foram mais adiante. A peça é estrelada pela atriz Amy Irving, que foi casada com o diretor de cinema brasileiro Bruno Barreto. Apesar de ter se divorciado no ano passado, a atriz diz que o relacionamento permitiu que ela mergulhasse no complexo universo brasileiro.
"Identifico-me muito com Elizabeth porque, como ela, acabei ganhando através do amor todo um país", disse Amy Irving. "Adoro o Brasil, o seu povo criativo, lutador e generoso", diz a atriz, que mora em Nova York, mas mantém, como o fez a Bishop, uma casa em Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Desafio
Dar vida a uma poetisa hermética, homossexual e alcoólatra parece um desafio complicado para qualquer ator. Mas torna-se mais simples sob a direção cuidadosa de Richard Jay-Alexander, que também leva créditos por grandes produções como Les Misérables, The Phantom of the Opera e Miss Saigon.
Irving não só é capaz de dar vazão de maneira convincente às angústias, alegrias e energia criativa de Bishop, como também de fazer a platéia sentir no palco a presença de muitos outros personagens que compuseram a história da poetisa.
Para brasileiro ver
Os conhecedores da obra de Bishop se emocionarão com a interpretação de poemas famosos como A Arte, mas a peça também reserva, segundo Irving, um agrado especial ao público brasileiro. "Em geral, o público tem recebido muito bem a peça, mas do palco sei quando temos brasileiros na platéia, porque só eles reagem, entendem e se emocionam com alguns trechos do texto. É uma delícia", diz a atriz.
Teatro social
Amy Irving generosamente aceitou um pedido da BrazilFoundation e nesta terça (25/04), parte da bilheteria do espetáculo será revertida para projetos financiados pela fundação. A atriz também participará de um debate com o público após a apresentação da obra.
Não é a primeira vez que a arte se une à solidariedade. Mas, para brasileiros e amantes do Brasil que vivem em Nova York, essa é uma oportunidade única de desfrutar de uma noite de bom teatro, poesia da melhor qualidade na interpretação de uma atriz consagrada e ainda contribuir com projetos sociais que ajudam a transformar muitas vidas.
Ui, não sabia que Bishop era homossexual...está explicado então!
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