domingo, 27 de fevereiro de 2005

Q-U-A-R-A-N-T-I-N-E



Despois de cumprida minha missão, o que incluiu uma viagem ao cinema, três horas de filme, leitura das resenhas alheias e muita pesquisa sobre a biografia de Howard Hughes concluo: que bosta de filme. OK, ok, nem tanto, mas eu fico totalmente inconformada com as resenhas que eu encontrei por aí. Praticamente ninguém aponta as falhas no roteiro de John Logan. What is up with that? Não esctou criticando a performance de nenhum ator, muito menos a de Martin Scorsese, apenas apontando o que eu vi de errado e que absolutamente ninguém falou.

Se você chega a ler a biografia de Hughes, ou a conhece previamente, sabe que sua vida foi muito mais rica e interessante do que o que foi mostrado. Parece que Scorsese tem uma fixação tão grande pelos problemas piscológicos que afetam as pessoas (vide Taxi Driver) que ele coloca isso acima de tudo e esquece de dar lugar a fatos importantíssimos.

A escolha em reportar apenas 20 anos da vida do aviador foi interessante e válida, mas pelo menos a retratação do desenvolvimento da síndrome maníaco-depressiva de Howard deveria ter sido muito melhor amarrada. Quem não tem a mínima idéia da história de vida do personagem não consegue relacionar a ÚNICA cena em que ele aparece com a mãe maluca, obrigando-o a soletrar QUARANTINE e afirmando que o pequeno (na época por volta de oito anos), não está seguro, resultado de uma paranóia com germes.

Se você inevitavelmente comparar The Aviator e RAY, acaba notando que o filme de Taylor Hackford faz muito mais sentido do que o de Scorsese. Hackford se esforça para explicar o ponto de vista dele, relacionando o comportamento e a dependência química do cantor com a tragédia de sua infância, a morte assistida do irmão menor. Várias cenas são exibidas sobre esta fase, construindo assim uma história completa da infância pobre, seu relacionamento com a mãe e a evolução da doença que lhe deixou cego.

O que acaba acontecendo é, todas as vezes que você vê a água no chão, você sabe muito bem porque aquilo está acontecendo, qwuando o cantor delira na época da tentativa de desintocicação, quem aperece nos sonhos dele? A mãe e o irmão. Por mais patético que seja, faz sentido. Já em The Aviator, todas as vezes que Howard está lavando as mãos até sangrar acontecem por qual motivo? A cena inicial e singular do filme não justifica seu comportamento quando adulto.

Em casa, mais tarde, eu li muito sobre a história de vida e da família de Hughes, sobre a mãe-freak, que obrigava o menino a tomar incontáveis banhos quando criança, dava discursos e mais discursos sobre a necessidade de se manter limpo, o impedia de brincar em ambientes, digamos, sujos, e até em contato com outras crianças.

Talvez se outras cenas tivessem sido incluídas no filme a respeito da infância e adolescência deste rico personagem, faria sentido mostrar tanto da disordem de Huges mais tarde. Isso também justificaria o tempo perdido com as cenas de banheiro e que poderia ter sido utilizando contando mais sobre os outros eventos da vida dele. É uma vida rica demais para um filme de três horas, o que torna um pecado o que ocorreu nas telas.

Muita coisa importante ficou de fora,por exemplo:

* Ainda nos anos 30 Hughes construiu o Texas Theater em Dallas, uma sala de cinema que ficou conhecida mais tarde como possível sala clandestina de encontros espiões, já que Hughes acabou se envolvendo com a CIA. Ele também desenvolveu e construiu satélites espiões na década de 50.

* Hughes foi dono dos estúdios RKO de 48 a 55, e produziu muito mais filmes do que os dois ou três que são mostrados.

* Ele também foi propetário de uma companhia que explora petroléo que foi vendida mais tarde para George Bush Senior.

* Fundou em 53 o Hughes Medical Institute em Delaware, ele investiu todo o estoque de Hughes Aircraft Company no instituto, ficando assim livre das taxas do governo sob seus companhia milhionário de produção de armas. Mais tarde o governo investigou o caso e com o risco de fechar o negócio mas poderosos amigos de Hughes na casa branca encontraram um buraco na constituição e formularam uma nova lei, uma excessão para “organizações de pesquisa em saúde,” acabando assim com o risco de Hughes perder seu benefício.

* Vendeu a TWA em 66 por 546 milhões de dólares, em um moemnto em que a companhia estava sendo processada por ínumeros motivos. Foi então que Hughes se mudou para Las Vegas onde comprou vário hotéis.

* Inciou uma fase de profunda reclusão, e agravamento de sua doença. Nos últimos 20 anos de sua vida ele não foi visto em público ou fotografado, e morreu em 1976 dentro de um avião, indo para um hospital em Huston, o governo teve que usar as impressões digitais para reconhecimento do corpo de Hughes.

* Após a morte, apareceu muita gente declarando que seriam herdeiros de mais de 2 Bilhões de dólares que Hughes deixou, o governo também delarou que Hughes devia muito em taxas.

* O Flyng Boat de Hughes pode ainda ser visitado no Museu Evergreen em Oregon. Aqui ele é conhecido como Spruce Goose.

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