quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Transatlanticism




Minha mãe anda gritando comigo que eu não posto mais, que eu não ligo mais, que eu desapareci. Quando eu fico infeliz eu faço isso, me tranco no escritório, 10, 12 horas por dia. Depois me tranco dentro de casa e durmo. Acabo sem tempo para fazer o básico, visitar o blog dos amigos, ler meus próprios e-mails, conversar no telefone. Enfim, desapareço mesmo.

Meu roomate se mudou. Não, o Afonso se mudou. Três anos na minha vida, e se mudou de vez de casa, depois de uma briga fenomenal. Eu adoraria poder sentar aqui e falar bem dele, mas não consigo. Por causa disso eu não vou falar nada sobre ele e vou focalizar no novo roomate: ARTHUR.

ARTHUR é mais novo que eu. E eu respeito o Arthur até a morte. Nós criamos uma relação foda desde a primeira vez que nos vimos. Horas conversando sobre as bandas que adoramos, as mesmas bandas que escutamos o dia todo. Neste dia, ele me disse que adorava Hello Operator do White Stripes. Meses depois, num club de NYC toca Helllo Operator e eu penso no ARTHUR!

Ficamos meses sem nos ver, e voltamos a nos encontrar cerca de dois meses atrás. Conversas e mais conversas, sobre tudo agora. Sobre minhas decisões aqui, sobre as decisões dele, sobre o jornalismo, sobre os amores. Arthur é jornalista, gênio que fugiu para a nOva Zelândia. Posso ficar horas falando como o cara é um fotógrafo do caralho, um amigo excelente. Arthur se muda amanhã para casa e monta um estúdio de fotografia. E filma a mudança com sua super-8!

Estou extremamente feliz. E preocupada ao mesmo tempo. A mudança do Arthur para minha casa reafirma um mundo no qual eu me enfiei de uma forma tão foda que eu esqueço que existe vida fora dele, que as coisas são diferentes do que a gente pensa. No nosso mundo, de sexta à segunda-feira, só existe rock, filmes, mais rock, excelentes conversas, uma abertura incrível, um bem estar enorme, mais rock. Não existe nenhum problema, as pessoas são extremamente sem pudores ou desprovidas de pensamentos moralistas.

Então conversando com um colega, ele me confessa que adora seriados, mas que ele não é gay. Eu não consegui ligar uma coisa à outra. E me toquei que o mundo é podre, nós é que estamos criando nossa bolha. Quem passa duas horas no telefone discutindo livros que falam de rock? Quem faz listas de canções que lembram ex-namorados em ordem cronologica, quem baixa documentários da internet e passa o domingo inteiro assistindo com os amigos? Até que ponto isso é bom?

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Devaneios à parte, eu estou extremamente feliz com toda esta mudança (e sou a pessoa mais contraditória do planeta, eu não estava triste lá em cima????), estou trocando meu quarto com o antigo quarto do Afonso, me matriculando num curso de Francês, e marcando mil programas para os próximos três meses. QXT(s), CBGB's (eu tenho que salvar o rock!), e shows, uma lista sem fim deles!!!!

Com certeza minha mãe vai continuar reclamando que eu desapareci.

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A foto alí em cima é da tatoo nova. Símbolo maior das mudanças. Tenho mil coisas para escrever sobre esta tatoo.

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Hoje estréia o segundo ano de LOST. Eu estou tendo ataques, pequenos chiliques.

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