segunda-feira, 30 de outubro de 2006

A ciência da felicidade

O caminho para a felicidade
A Psicologia Positiva apresenta resultados chocantes ao escarafunchar os mecanismos humanos para tentar ser feliz e propõe novas maneiras de encarar a questão


No Yahoo.com.br

Vanessa Mael
Da Redação

A história da psicologia clássica se concentra no estudo dos males que afetam a mente humana. Um dos mentores destes estudos é o neurologista austríaco, também conhecido como “pai da psicanálise”, Sigmund Freud. Foram suas pesquisas que popularizaram noções como inconsciente humano, mecanismos psicológicos de defesa, e simbolismo dos sonhos.

Entretanto, nos últimos cinco anos, com o advento da Psicologia Postiva - uma nova ciência que estuda os fundamentos da felicidade - falar de Freud se tornou coisa do passado. Fundada pelo Doutor em Psicologia e Diretor do Instituto da Felicidade Autêntica (Authentic Hapiness), da Universidade da Pennsylvania, Dr. Martin Seligman, esta ciência estuda emoções positivas, caráter baseado na força interior e instituições saudáveis. Em outras palavras, Seligman descobriu que é possível sim ser (mais) feliz e manter uma estabilidade de emoções.

Após uma extensa pesquisa que analisou diversos aspectos da vida em sociedade e a própria história da psicologia, Seligman estabeleceu uma drástica mudança no conceito de felicidade, que agora deixa de ser um estado e passa a se tornar um valor, que pode ser agregado ou não à vida do indivíduo. Para isso, é importante encarar os resultados da pesquisa e, em alguns casos, mudar comportamentos enraizados, o mais importante deles: o pensamento negativo.

Com o objetivo de promover avanços satisfatórios na qualidade da convivência social que, segundo Seligman, é um dos maiores fatores de alteração do estado emocional humano, foram estabelecidas teorias sobre o ambiente ideal saudável para o desenvolvimento de relacionamentos, tanto dentro do círculo familiar, como escolar ou de trabalho. Também, é importante ter uma lista de coisas boas que é possível fazer para si próprio e trabalhar para que a mente siga por um caminho positivo.

Entretanto, os resultados de suas pesquisas são um tanto quanto chocantes. É necessário estar aberto para estabelecer uma concepção completamente nova de vida social e individual para se apegar aos ensinamentos de Psicologia Positiva, que é vista como a ciência-religião.

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Dicas de como ser feliz, segundo a Psicologia Postiva – No website da Universidade da Pennsylvania é possível realizar pequenos testes desenvolvidos por Martin Seligman. Estes testes foram dos pontos que ajudaram o psicanalista a estabelecer vinte dos princípios básicos da felicidade como valor. Estes são alguns deles:

• Esqueça o conceito de psicologia clássica. Se você quer ser feliz, ficar pensando no passado e analisando fatos que não podem ser alterados, tentando descobrir o que poderia ter sido feito de uma forma diferente, não vai ajudar nada. Segundo Seligiman, autor do livro “Authentic Happiness,” ser contra os ensinamentos de Freud e a favor do bom-senso é o caminho correto para dias felizes. Longas discussões sobre problemas que ocorreram na infância devem ser abolidos. “Pensar nisso apenas irá deixá-lo com raiva, ao invés de trazer um sentimento de alívio.”

• Inclua atividades diárias na rotina das crianças. Ocupe o tempo dos pequenos com programas educacionais e culturais. Acampamentos de verão, internatos edicacionais, férias na casa dos avós, ou qualquer lugar que seja bem longe de casa também é uma boa pedida. Seligman constatou que pessoas que têm em sua rotina a responsabilidade de cuidar dos filhos sentem o mesmo nível de prazer executando esta tarefa do que quando estão lavando louça. Além de que manter crianças ocupadas, gera desde cedo noções de responsabilidade, além de ampliar o campo de conhecimento. Seligman explica que crianças que criam uma lista de interesses, ao invés de passar todo o tempo sem fazer nada ou assistindo à tevelvisão, tendem a se transformar em adultos mais contentes, independentes e habilidosos.

• Faça parte de uma igreja, junte-se a um grupo de yoga ou pintura, faça academia ou vá à escola. Aqui, objetivo é fazer amigos, procurar pessoas com que se tenha o mínimo de interesse em comum, com quem seja possível estabelecer uma linha de diálogo aberto. Segundo as pesquisas, as pessoas que têm mais amigos ou pertencem a grupos de construção comunitária são mais felizes.

• Não sofra com escolhas difíceis, no último caso, faça “uni duni tê”. Segundo os estudos apresentados no livro “The Padarox of Choice”, de Barry Schwartz, são mais satisfeitos aqueles que não examinam cada minuto de suas vidas. Pessoas que pensam muito em momentos de mútiplas escolhas (que universidade estudar, que curso fazer, que caminho seguir...), acabam sempre se arrependendo pela opção que não será experimentada. Encontrar a opção perfeita é pura ilusão.

• Não aplique para a faculdade de Direito, os advogados são 3.6 vezes mais depressivos e infelizes que outros profissionais. Assim como os jornalistas, falta de controle, dúvidas éticas, longos ciclos de trabalho e estresse não ajuda ninguém a ser feliz.

• Não faça hora-extra. Estudos mostram que pessoas de países pobres como Brasil e China são mais felizes do que aquelas dos países desenvolvidos. Seligman explica que após satisfazer necessidades básicas como providenciar moradia e alimentação, dinheiro não traz felicidade. Os cem mais ricos empresários eleitos anualmente pela revista Forbes não são as pessoas mais felizes do planeta, assim, trabalhar horas a fio não irá comprar mais felicidade.

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