quinta-feira, 27 de julho de 2006

Calor deixa 100 mil sem energia

Calor deixa 100 mil sem energia


BR Press

Vanessa Mael, do Extra/Especial para BR Press
(Nova York, BR Press) - As últimas semanas foram marcadas por dias de extremo calor, com a temperatura alcançando os 48.3 graus Celsius. Assim, o ar-condicionado tem sido o eletro-doméstico mais utilizado nas residências do nordeste norte-americano, o que tem gerado cortes de energia constantes nas grandes áreas urbanas, como Nova York e Newark (NJ), onde as companhias elétricas não conseguem atender à demanda.

Desde 17/07, problemas de falta de energia geraram atrasos nos metrôs nova-iorquinos, cancelamento de vôos domésticos e 100 mil pessoas ficaram sem energia no Queens (NY). Inicialmente, a distribuidora de energia que atende o estado, a Consolidated Edison (ConEd), anunciou que apenas 2,500 clientes enfrentaram problemas com o abastecimento de eletricidade.

Na última sexta-feira (21/07), segundo o prefeito Michael Bloomberg, cerca de 25 mil pessoas permaneciam sem eletricidade. A distribuidora anunciou que as equivovacas estimativas iniciais tomaram como base a reclamação de clientes através de ligação telefônica.

Aeroportos no escuro

Determinados bairros do Queens passaram seis dias completos sem eletricidade, sem previsão para a normalização do serviço. Dois terminais do aeroporto La Guardia ficaram sem energia elétrica e, assim, cancelarem vôos domésticos no dia 19/07. A penitenciária municipal Rikers Island teve de operar com a ajuda de geradores de energia.

A explicação oferecida pela concessionária é que 10 dos 22 cabos de transmissão de energia que abastecem o Queens não estariam operando corretamente, e que o motivo era desconhecido. A ConEdison colocou 256 caminhões trabalhando em períodos de 16 horas, para tentar normalizar o problema.

A distribuidora tem duas semanas para entregar um relatório explicando as causas da falha na distribuição de energia para a prefeitura de Nova York, a fim de evitar multas.

New Jersey

A PSEG, que atende o estado de New Jersey, falhou em distribuir energia para uma lista de 20 cidades dos condados de Bergen, Essex e Hudson, na penúltima quarta-feira (19/07). Algumas áreas do bairro Ironbound, de Newark, ficaou sem energia elétrica entre às 18h tarde da penúltima terça-feira (18/07), até 11h15, do dia seguinte.

Novamente, no período da tarde, ocorreu queda de eletricidade, que se normalizou apenas na quinta-feira (20/07). A distribuidora de energia alegou que não tinha caminhões suficientes para atender todos os chamados de falta de eletricidade e, por isso, estabeleceu períodos de 24 horas para a normalização do serviço.

Resposta do governo

As prefeituras de Newark e Nova York lançaram comunicados à população alertando sobre o risco do calor e pedindo para que os residentes se mantenham hidratados e procurem locais fechados para passar os períodos mais quentes do dia, entre 12h e 16h.

Também, programas de verão para atender aqueles que não têm ar-condicionado em suas residências, ou que se encontram temporariamente sem energia, foram desenvolvidos. Pontos para se refrescar foram divulgados no dia 18 de julho, nas duas cidades. Os idosos receberam comunicado para se encaminharem para centros de saúde da cidade, portando seus medicamentos.

Nova York abriu mais de 300 centros para abrigo do calor e Newark tem cerca de 18 localidades. As piscinas públicas de Nova York ficarão abertas até às 20h durante o verão.

Calor que mata

A vigorosa onda de calor provocou a morte de pelo menos 16 pessoas, incluindo a região da Philadelphia, a cidade de Oklahoma, Arkansas, Indiana, Dakota do Sul e Tennessee. Mas a área mais afetada ainda é a região metropolitana de Chicago, onde foram confirmadas quatro mortes por causa do calor intenso.

Durante a grande onda de calor do verão de 2003, na Europa, mais de 15 mil pessoas morreram na França, 20 mil na Itália, e 2 mil pessoas morreram de calor no Reino Unido. Em 1995, durante uma onda de intenso calor que durou duas semanas em Chicago, foram registradas cerca de 465 mortes.

Na França, o alto número de mortos em 2003 foi explicado como falha do governo francês em manter um número suficiente de funcionários trabalhando nos centros de saúde do país para dar assistência à população, que apresentou doenças relacionadas com as ondas de verão, assim como a falta de ar-condicionado nos postos de saúde e hospitais públicos.

De acordo com o Center for Disease Control, de Nova York, permanecer isolado e a inabilidade de cuidar de si próprio podem gerar grande risco de doenças relacionadas com o calor e eventual morte.

Durante as ondas de calor os músculos do corpo humano estão passíveis a sofrerem cãimbras e espasmos, gerado pela fatiga e falta de ar, quando o tempo se encontra extremamente úmido. Apesar de cãimbras de calor não serem sérios sintomas, elas podem ser consideradas sinais de que o corpo necessita de descanso e hidratação.

Um outro sintoma muito comum é a exaustão causada pelo calor e pela perda de líquidos através do suor e do exercício físico, principalmente em ambientes quentes e úmidos. O fluxo de sangue para a pele aumenta, diminuindo em orgãos extremamente importantes para o funcionamento do corpo humano. Se não tratada, a exaustão causada por ondas de calor pode levar ao infarto, a principal causa de morte por calor.

O calor pode gerar permamentes danos cerebrais, e consequente morte, caso algumas medidas para refrescar o corpo não sejam tomadas.

(*) Conteúdo do jornal Extra, publicado nos EUA e distribuído no Brasil pela BR Press.

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