sábado, 11 de novembro de 2006

Viajar é passar por uma série de inconvenientes

Se viajar neste país já era uma coisa de louco, após o susto de Londres, o tal "esquema terrorista" que foi descoberto e que mudou todas as leis de aviação dos EUA, hoje tudo é muito pior.

Eu tenho uma viagem marcada nesta semana e, graças, é a última do ano. [Quem diria que um dia eu falaria isso?] Minha preocupação nem é tanto com esta, mas sim com as três que eu já tenho marcadas para o ano que vem.

Em primeiro lugar, eu odeio vôos longos. Sempre pensei, "Minha mãe deve me amar muito para vir me visitar duas vezes ao ano." Isso porque eu simplesmente NUNCA passaria dez horas dentro de um avião para ver absolutamente nenhum outro ser-humano deste planeta. É muito tempo para se passar sentado, em uma paltrona apertada, dentro de uma máquina que balança, lotada de pessoas.

E como as pessoas são inconvenientes.

Pessoas falam, nos mais diversos e insuportáveis idiomas. Pessoas comem e fazem barulho quando mastigam. Pessoas tossem. Pessoas batem palmas. Pessoas gritam, choram, cantam, resmungam. Isso, sem contar nas infelizes vezes que existem CRIANÇAS no avião.

O.M.G.

Prefiro nem pensar nas pequenas pestes.

E o problema só aumenta. As pessoas roubam o seu i-Pod nos aviões.

Desde que isso aconteceu, eu jurei que não voava mais. Claro, meses se passaram, eu comprei meu Doll e já esqueci do fato. [Mentira, esqueci nada, ainda mato o filho da puta...]

Bom, se isso tudo acontece enquanto estamos dentro do avião, chegar até ele é uma luta muito maior.

Não se pode mais usar jóias, cintos, jacketas, sapatos. Nunca, em hipótese alguma, vá viajar de bota. Você atrapalha a fila inteira, são 200 anos para tirar do pé. Ficamos todos em fila, descalços e praticamentes despidos, esperando nossa vez de sermos molestados.

Somos obrigados a retirar qualquer coisa do bolso. Deixar as moedas, os documentos e o celular na cestinha. Abrir o laptop.

ISQUEIROS VÃO PARA O LIXO!

Como assim, cara? Ok. Eu uso isqueiro de $1, mas se eu tivesse um isqueiro caro, cool, ou com algum valor para mim? Eu não jogo fora. Não mesmo. Isso já me rendeu problemas, claro.

A última vez que eu fui para Los Angeles eu levei meu isqueiro. Ninguém reclamou. Na volta, me fizeram jogar no lixo. É lógico que eu briguei. I'm a fucking smoker. I need my lighter. Eles pegaram a bolsa inteira, com raiva dos meus argumentos, e me levaram para uma salinha. Tiraram absolutamente tudo que eu tenho de dentro, fuçaram em tudo, me perguntaram mil coisas e, no fim me deixaram ir. Qual o ponto? Eu lá tenho cara de terrorista?

O que fazer? Levar fósforos? Se eu quiser colocar fogo, eu vou colocar. Ser obrigado a viajar sem isqueiro é o fim do mundo. Aí você chega no lugar e é obrigada a comprar um isqueiro novo. Uma semana depois é obrigado a jogar isqueiro no lixo. Qual é o ponto?

O mundo acabou de vez quando inventaram que não se pode levar nada líquido, pastoso, em pó ou gel na mala de mão. Que tipo de pessoa que leva mala grande, passa por fila de check in, para um vôo doméstico?

Algum moron, no mínimo.

Eu faço meu check in online, levo só mala de mão, acabou. Eu não preciso chegar antes no aeroporto, passar por fila de check in, depois sair do avião, esperar descarregarem as malas e advinhar qual é a minha (depois de oito horas de viagem eu já esqueci que mala eu tenho, claro.). É ridículo.

E se eu sentir sede? Eu sou obrigada a ficar com a boca seca?

Levar remédios, então... Proibidíssimo. Só com receita médica. Jura por Deus que eu tenho receita de algum dos dez vidros de remédios que andam na minha bolsa. E agora, eu faço o quê?

O pior de tudo isso: não poder carregar maquiagem. É, eu pretendo matar alguém com meu batom, espetar as pessoas com meu rímel, engasgar alguem com meu blush. Jura? Como você viaja sem desodorante, pasta de dente, lápis de olho?

Minha bolsa de maquiagem vale, no mínimo, $300, eu não tô jogando nada em lixo alguém, believe me. Eu fico, vou presa, mas minha bolsa de maquiagem vai comigo para onde eu for. [Entendeu porque ele blog é chamado Batom?]

Não é como se eu estivesse indo passear. Eu vou apenas porque sou obrigada. Isso se chama trabalho. Eu não vou ficar andando pela cidade, caçando uma farmácia, para poder comprar pasta de dente, desodorante e batom. Eu estarei trancada, na frente de um computador, trampando. Aparentemente, você pode adicionar aí, sem desodorante e sem escovar os dentes.

As viagens do ano que vem me preocupam mais porque esta, pelo menos, eu não estou pagando para ser molestada. Estão me pagando para passar por isso. No ano que vem, as viagens que eu tenho marcadas são as minhas férias [longa história, eu dividi minhas férias em várias]. Isso significa que eu estarei pagando muito dinheiro para as companhias aéreas para passar por tudo isso.

Essa política do medo é tão boba, tão babaca, que perdeu o sentido há muito tempo. Não existem padrões, todos nós somos tratados como potenciais terroristas. Perdemos nossos direitos. Se as eleições de meio-termo não tivessem este resultado, eu estaria com mais ódio ainda.

Tem muita coisa séria que poderia ser feita na tal "luta contra o terrorismo" e não é. Em uma série de documentários da CBS, eles mandaram diversas embalagens da Europa para os EUA, com artigos extremamente estranhos e declararam cada um deles. Teve uma embalagem enviada pela FedEx na qual foi declarado Plutônio e passou pela alfândega sem nenhum problema.

Os túneis que ligam NJ e NY não são supervisionados. Não existe policiais nas estações de trem. Não existe detector de metal em lugar nenhum. Ainda assim, a minha maquiagem não pode entrar no avião na minha bagagem de mão.

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